Assovios, comentários de cunho sexual, olhares agressivos, muitos homens insistem em chamar isso de elogio ou paquera. Já as mulheres cada vez mais estão reagindo a  essa prática violenta e utilizando o nome correto: assédio.

Por Tâmara Freire, da EBC 

O  volume de denúncias feitas nas redes sociais, por exemplo, só confirma os dados apresentados pela Organização Actionaid nesta sexta-feira Dia Internacional do Combate à Violência contra as mulheres. Das entrevistadas 87% passaram por alguma situação de assédio.

A assessora do Programa de Direito das Mulheres da organização Jéssica Barbosa acredita que o assédio reforça a ideia patriarcal de que o ambiente público é de domínio masculino e as mulheres podem ser punidas por ousar desfrutá-lo.

As práticas mais comuns relatadas pelas entrevistadas aos pesquisadores são os assovios e encaradas, mas quase 30% delas foram seguidas na rua e 20%  foram tocadas por seus assediadores.

Na comparação com outros países, o Brasil não se sai nada bem  ficando na frente das outras três Nações onde a pesquisa foi feita Tailândia, Índia e Grã- Bretanha.

A  produtora de eventos Érica Fredo diz que já passou por inúmeros episódios desde a adolescência e que agora também vê a filha adolescente vivendo as mesmas violências.

O Brasil também tem a maior proporção de mulheres que relatam ser vítimas de assédios desde antes dos 10 anos de idade, 16%.

Outras 55 passaram por algum episódio antes da maioridade e de acordo com a coordenadora da Actionaid  nem as crianças escapam de serem culpabilizadas pelo assédio que sofreu ou de terem a responsabilidade de se proteger . A tradutora Karla Avanço se lembra bem das precauções que precisava tomar.

E quase todas as mulheres que relataram assédios admitem mudar sua rotina para tentar evitá-los,  desde fazer um caminho diferente do usual e evitar áreas com pouca iluminação até mesmo deixar de utilizar o transporte público e desistir de eventos sociais.