É transversal em toda a sociedade desde a sua célula constituinte que é a família, independentemente do segmento social em que se insira. Processa-se mutuamente, de marido para esposa e vice versa, de pais para filhos e vice versa. Entre outras variantes da constituição do agregado familiar que coabita debaixo do mesmo teto. Daí o epiteteto de violência doméstia.

Por Jornal Tornado

A violência doméstica é um fenómeno social derivado de circunstancialismos diversos oriundos do meio e das problemáticas que este origina, independentemente das características sociais e políticas, dos condicionalismos impostos por extrato social, ou outros motivos relevantes para a sua existência.

A violência doméstica extravasa a sua conceção da família convencional, para a nova figura, por legalmente reconhecida, das uniões de facto e outros que vivam em coabitação “familiar”. De namoro, hetero ou homo. Em coabitação ou não.

O pensamento machista ora dominante é que dita as regras da publicitação dos acontecimentos e por isso se concentra na componente masculina deste fenómeno cingindo-o a situação de violência entre um casal em que o macho – o homem – é sempre o agressor.

Acontece que essa leitura é a leitura mais ligeira e a mais simples sobre os factos. Desde logo porque, a maior evidência social desta contenda é a de ascendentes  sobre descendentes de que resulta desavença entre o casal, reportando os descendentes esse comportamento agressivo para o meio exterior social em que se insere.

Outro fator a ter em conta é o da instabilidade económica da familia em função de precarização financeira com repercussão direta relacional motivada por fatores externos. Duas “fórmulas” explosivas que se disseminam no todo social “municiando” a instabilidade emocional dos indivíduos com as consequências subjacentes implícitas.

Contrariamente aos que defendem ser o álcool a fonte, é o ciúme, nas suas diversas formas, um dos fatores propulsores do espoletar da intenção e consumação da prática da violência doméstica e outras formas de violências sociais.

Quando muito, o álcool ou outro qualquer produto estimumlante, é, em algumas das situações, o estímulo à coragem para a prática e, noutras circunstâncias, um recurso para refúgio dissuasor do peso moral e social a que o ato perpretado conduziu o sujeito.

A violência doméstica é sempre uma prática de admoestação ou imposição de vontade  que, ocorrendo em recinto fechado, a residência, não permite testemunho fiável de terceiros e por isso é de difícil sinalização externa. Quando acontece fora do ambiente familiar, mais concretamente no namoro, por confidência ou outro com visibilidade pública, é de mais fácil testemunho, e por isso de denúncia publica também.

Depois há o medo. O medo é o pior inimigo socialmente instituído porque tudo encobre com uma manto nebuloso de inibição coletiva emergente do individuo. O medo dos filhos em denunciar os pais e vice versa. O medo das esposas em denunciar os maridos e vice versa. O medo da perseguição, da culpabilização social e do seu julgamento, da ameaça, da perseguição, entre outros…

O medo! Simplesmente, ter medo!

E… Há também… O preconceito. O preconceito socialmente instituído. Aquele que ajuíza superioridade física de género mas que nem sempre acontece.

E… Há… A violência psicológica. A coacção versus submissão. Entre outras variáveis.

Um rol de condições propíciadoras ao fenómeno, de dimensão incomensuravelmente grande e que não se desenrola com a facilidade por alguns aligeirada e, por isso, julgada.

Um facto social que só a educação, a estabilidade social e económica, e demais condições que propiciem a felicidade, resolvem.

Monumentos, nomes de Ruas, Avenidas e Largos, Homenagens e outros, quando muito perpetuam a memória da degraça acontecida avivando-a para esta chaga social profunda e transversal a todo o tecido social que acontece mas que nada resolve.

Porque, a violência, seja ela qual for, só se resolve com:

  • Equilíbrio social e emocional;
  • Educação robusta em torno de valores;
  • Combate à pena e a caridade como forma ou modelo;
  • Humanismo;
  • Compreensão;
  • Partilha.

E, sobretudo, com equidade, justiça e liberdade!