Morte de estudante foi confirmada nesta terça-feira (31) e suspeito é capitão da Polícia Militar do Piauí, que era namorado da vítima. Feminicídio é qualificadora do crime de homicídio.

no G1 PI

Cerca de 50 pessoas ocuparam o passeio da Avenida Frei Serafim em um ato contra a morte da estudante de Direito Camilla Abreu, de 21 anos. Com faixas e velas os manifestantes, coletivos de mulheres e outros grupos organizados, defenderam que o assassinato seja classificado como feminicídio. Os manifestantes lembraram ainda da morte da estudante Iarla Lima, há seis meses.

Nesta quarta-feira o coordenador da delegacia de homicídios, Francisco Baretta, informou que a morte da estudante é classificada como feminicídio.”O crime foi de homicídio doloso, qualificado. Sem chances de defesa para a vítima e com a outra qualificadora que é o feminicídio. Além do crime de ocultação de cadáver”, disse Baretta.

Laic Almeida, do coletivo Manas Feministas, comentou que há uma frequência dos casos de feminicídio no Piauí e que o ato quer chamar a atenção para a importância de discutir a violência contra a mulher. “Chamou a nossa atenção aqui em Teresina devido às nossas ocorrências e existe uma resistência muito grande ao termo feminicídio, com relação a discussão da violência contra a mulher”, pontuou Laic acrescentando que o manifesto foi para pedir mais ações em defesa da mulher.

A manifestação foi convocada por redes sociais e envolveu diversos grupos. “Quando a gente afirma que muitas violências ocorrem contra a mulher por ela ser mulher há muitas resistências e é uma das questões a serem pensadas. A gente quer trazer o olhar para isso por causa das várias agressões e crimes”, comentou.

A presidente da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Piauí (OAB-PI), Karla Oliveira, defendeu a importância da denúncia. “Infelizmente os índices de feminicídio no nosso estado estão crescendo bastante. Há dois casos recentes. A morte da estudante Camila Abreu e também o homicídio da Iarla Lima, em menos de seis meses”, relatou a advogada. O Piauí possui a maior taxa de feminicídios de todo o Brasil, segundo o 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Karla Oliveira defendeu necessidade de denunciar agressões (Foto: Carlos Rocha / G1 PI)

Karla Oliveira defendeu necessidade de denunciar agressões (Foto: Carlos Rocha / G1 PI)

Karla Oliveira explicou ainda que o feminicídio é uma qualificadora do homicídio e que se encaixa como crime hediondo. “O homem mata a mulher pela questão de gênero e está relacionado a violência doméstica familiar. Está ligada ao machismo e a propriedade. Se a mulher perceber que há um relacionamento abusivo é preciso denunciar”, comentou a advogada.

Desaparecimento

A jovem desapareceu na madrugada de quinta-feira (26). Segundo a polícia, na noite anterior ela e o namorado se encontraram na faculdade onde ela estudava e saíram para um bar com uma amiga. Depois de deixar a amiga em casa, no Vale do Gavião, os dois ficaram sozinhos e Camilla não foi mais vista.

Após cinco dias de buscas o corpo da jovem foi encontrado na saída de Teresina, depois que o suspeito apontou o local onde havia deixado a namorada morta. Dias antes, próximo ao local, o celular da jovem foi encontrado. Ele alegou, segundo a polícia, que Camilla morreu com um tiro acidental no rosto, mas a polícia questiona a versão. Ele foi preso nessa terça-feira (31) e permanecerá recolhido por 30 dias.